23:58 02-12-2025

Haifa hoje: de polo industrial a hub de tecnologia vibrante

Descubra como Haifa deixa para trás refinarias e fábricas e se torna um hub de tecnologia: Matam, porto automatizado, requalificação da baía e desafios sociais.

Se você já esteve em Haifa — ou mesmo só viu fotos — provavelmente reparou no encontro marcante entre um porto em plena atividade, as encostas verdes do Carmelo e os escritórios envidraçados de multinacionais. Por trás desse cenário, há uma mudança mais profunda: a cidade, antes sinônimo de fábricas e petroquímicas, aos poucos se transformou em um dos polos de tecnologia de Israel — não como um plano no papel, mas como uma realidade que já molda o dia a dia.

Do vidro à indústria pesada

A história de Haifa atravessa milênios. Com o tempo, o assentamento se tornou um centro de ofícios conhecido pelo vidro e pelos corantes. Com a chegada do século XX, veio a industrialização acelerada: o porto se expandiu, e refinarias de petróleo e plantas químicas fincaram pé — especialmente ao redor da baía. Essa base sustentou a economia nacional, mas trouxe desafios ambientais, odores desagradáveis e limites ao ritmo de modernização da cidade.

O futuro de Haifa começa em Matam

A virada veio com a ascensão da pesquisa e da tecnologia. Nos anos 1970, o parque científico e industrial Matam tomou forma no extremo sul da cidade. Hoje, é considerado o maior polo tecnológico de Israel, sede de Intel, Google, Apple, Microsoft, Amazon e outros pesos-pesados do setor.

Neste momento, um novo complexo chamado Matam East — com mais de 120.000 metros quadrados — está em desenvolvimento. Não se trata apenas de ampliar escritórios; o projeto evidencia o quanto Haifa fincou os pés no mundo da alta tecnologia.

Ali perto estão duas das principais universidades do país — o Technion e a Universidade de Haifa. Essa vizinhança encurta o caminho entre sala de aula e mercado: estudantes saem qualificados e encontram empresas operando no mesmo entorno, um fluxo que parece quase embutido no bairro.

O que acontece no porto

O porto continua sendo um pilar da cidade, mas também se reinventa. Novos píeres e guindastes modernos já estão em operação, e a automação começou — mudanças que tornam as operações mais rápidas e limpas.

Em 2025, as autoridades aprovaram um plano para fechar seções mais antigas do porto que abrigavam tanques de combustível e empresas de petróleo. No lugar, virão complexos logísticos, armazéns modernos e, potencialmente, novos bairros residenciais. Passo a passo, a cidade deixa para trás a imagem de fábrica à beira-mar e se aproxima de uma visão de cidade inteligente.

O que vem a seguir para a zona industrial da baía

Centenas de hectares de terrenos industriais envelhecidos representam um dos maiores desafios de desenvolvimento da cidade. Muitos equipamentos já perderam razão de existir, e a área pede limpeza e renovação há tempos. O plano é desmontar pontos perigosos e transformar a zona em moradia, parques e escritórios modernos. É um esforço amplo e de longo prazo, mas os primeiros passos já estão em curso.

Corre tudo sem tropeços?

Nenhuma transformação acontece sem atritos. A retração da velha indústria também significa menos postos nas fábricas. Para quem passou anos na linha de produção, migrar para tecnologia ou logística não é simples, e isso gera tensão social.

Ainda assim, o contrafluxo é evidente: vagas em alta tecnologia crescem rapidamente. Cada vez mais jovens profissionais escolhem TI e áreas afins, enxergando trajetórias concretas ali — uma possibilidade que, em Haifa, deixou de ser abstração e passou a estar logo ali, ao alcance.

O que vem pela frente

Haifa mostra como uma cidade pode repensar seu futuro. De polo industrial com chaminés fumegantes, evolui para um lugar de negócios modernos, vida confortável e crescimento. O processo leva tempo e traz desafios, mas a Haifa de hoje oferece um argumento convincente a favor de renovar a identidade urbana a partir de seus próprios trunfos e de sua posição singular entre o mar e as colinas verdes do Carmelo.