15:28 01-12-2025
Antidepressivos e libido: causas, riscos e soluções
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Entenda como antidepressivos afetam a libido, quais fármacos impactam mais, quando a queda preocupa e estratégias seguras para recuperar o desejo sexual.
A queda no desejo sexual é um dos efeitos colaterais mais comentados dos antidepressivos. Algumas pessoas notam mudanças nas primeiras semanas; outras, só meses após o início do tratamento. Daí surge a pergunta inevitável: a libido pode cair tanto a ponto de não voltar? A medicina tem pistas claras — e há momentos em que a preocupação é, de fato, justificada.
Como os antidepressivos atuam
Os antidepressivos não são indicados apenas para depressão. Também ajudam em transtornos de ansiedade, TOC, TEPT e transtornos alimentares. Eles atuam por meio de neurotransmissores — substâncias que regulam o humor e as respostas emocionais:
- serotonina;
- noradrenalina;
- dopamina;
- melatonina.
Ajustar seus níveis ajuda a estabilizar a saúde mental, mas o efeito em cascata alcança outros sistemas — inclusive o hormonal.
Por que o desejo sexual cai
A libido pode diminuir por várias razões:
Oscilações hormonais
Os antidepressivos influenciam testosterona e estrogênio. Esses hormônios se ligam diretamente ao desejo sexual: quanto menor sua atividade, mais fraca tende a ser a libido.
Mudanças fisiológicas
Alguns pacientes relatam:
- secura vaginal ou lubrificação insuficiente;
- dificuldade para ereções;
- ausência de orgasmo.
São reações desagradáveis e que podem aumentar o estresse — algo que, por si só, reduz o interesse por sexo.
A libido pode se perder de vez
O padrão mais comum é este: os efeitos colaterais aparecem no início do tratamento e vão se atenuando. Às vezes em poucas semanas, às vezes em dois a três meses. Ainda assim, a medicina já descreveu casos raros e persistentes. Esse fenômeno, conhecido como disfunção sexual pós-SSRI, ocorre em cerca de 0,46% dos pacientes. É inquietante quando a melhora não avança, mas ter um horizonte temporal claro ajuda a manter as expectativas no lugar.
O mecanismo está ligado a alterações epigenéticas — características do sistema da serotonina que podem persistir após a interrupção. Se o problema não se resolve em 2–3 meses depois do fim da terapia, é importante procurar o médico. Vale para homens e mulheres.
Quais medicamentos impactam mais a sexualidade
Impacto mínimo:
- bupropion, mirtazapine, vilazodone, vortioxetine;
- duloxetine, desvenlafaxine, levomilnacipran;
- selegiline (um inibidor da MAO).
Efeitos mais pronunciados:
- SSRIs: paroxetine, sertraline, fluoxetine, citalopram, escitalopram;
- venlafaxine;
- amitriptyline, clomipramine;
- inibidores da MAO de gerações mais antigas.
As respostas são individuais: há quem não note alteração alguma, e há quem experimente queda acentuada da libido nas primeiras semanas.
Como reativar o desejo sexual
Algumas estratégias podem ajudar durante e após o uso de antidepressivos.
Atividade física
Em mulheres, a sensibilidade costuma aumentar cerca de meia hora depois do exercício. Em homens, atividades aeróbicas podem melhorar a função erétil.
Conexão emocional com o parceiro
- Contato afetuoso e conversa tranquila fortalecem a intimidade e aliviam a ansiedade.
- Abstinência de álcool e tabaco
- Ambos, por si, reduzem a libido — e o efeito se intensifica durante o tratamento.
Planejar a intimidade
Se os efeitos colaterais aparecem em determinados horários do dia, vale escolher uma janela mais confortável.
Ajuste da terapia
O médico pode alterar a dose, incluir medicações de apoio ou optar por outro antidepressivo. Na prática, pequenos ajustes coordenados costumam funcionar melhor do que decisões drásticas.
Medicamentos para estimular a libido (apenas com receita)
- Para mulheres: flibanserin, bremelanotide.
- Para homens: medicamentos para função erétil (sildenafil, tadalafil, etc.).